ARTE EM OURO PRETO


Segunda-feira, 5 de setembro de 2011
http://www.arteemouropreto.com.br

UMA NOVA TELA, UM NOVO ARTISTA NA COLEÇÃO QUE ORIGINOU O PROJETO ARTE EM OURO PRETO

A coleção de telas que originou o projeto Arte em Ouro Preto está mais rica com trabalho exclusivo de Miguel Gontijo, recentemente premiado como Melhor Artista de Linguagem Contemporânea 2010, pela Associação de Críticos de Arte de São Paulo.

Conhecemos Miguel Gontijo por meio de um amigo em comum há cerca de um ano. Na ocasião, ao mostrar-lhes a coleção de telas da bela e barroca Ouro Preto, comentamos sobre o fato de a cidade ser tema de inspiração à quase totalidade dos artistas plásticos brasileiros, dos clássicos aos modernos, passando também pelos abstratos, como a tela de Yugo Mabe que estava à frente. Da conversa, surgiu a proposta de Miguel pintar uma tela em que retratasse a cidade.
E a resposta não demorou. Há cerca de duas semanas, fomos informados pelo mesmo amigo que a tela estava pronta...

Enigmática, a pintura traz elementos emblemáticos da sociedade mineira setecentista: pórticos, anjos, manuscritos e a suntuosa igreja São Francisco de Assis – considerada obra-prima do rococó mineiro, fruto do trabalho conjunto de Antônio Francisco Lisboa, Manoel da Costa Ataíde e outros artistas e artesãos. A imagem inacabada do templo, quase uma fotografia recortada no céu azul turquesa, propõe um diálogo fértil entre fazeres artísticos distanciados por uma fração longeva do tempo – cerca de trezentos anos separam Miguel e o Aleijadinho. Mas a arte de um evoca a do outro. No centro da tela a assinatura do mestre (quase uma inscrição barroca) pode ser vista como isenção da apropriação devida da arte do outro ou testemunho da vinculação estética que Miguel propõe entre duas épocas, duas formas de se fazer arte. Acima dela, um coração alojado sob pórtico barroco, movimentado por conchas e volutas, conota sentimentos diversos – apreço, admiração, respeito (quem sabe?) entre o artista e o cardiologista, também colecionador de obras e emoções, que o instigou a criar sob outro olhar, outra temática. Protegido num sacrário, o coração vincula sentimentos à beleza estética barroca, fina e delicada como uma renda ou bordado, além de questões históricas e culturais que, naturalmente, depreende. À direita, pessoas com feições e trajes antigos parecem testemunhar esta distância temporal – o tempo passado, mas também presente na quase memória de seus habitantes e daqueles que se deixam impressionar pela dimensão poética da cidade.

Nas palavras de Miguel, a tela pintada está ainda em processo de construção, fruto de um diálogo inaudível, mas perceptível pelas heranças históricas e culturais das sociedades. Aliás, diz ele: “Acho que tudo está por construir...” Esta maneira de ver o mundo dá à obra as possibilidades de um diálogo atemporal e, por isso mesmo, articulado a várias outras interpretações. Aventure-se a encontrá-las...

(a nova tela está disponível no site; em ARTE, clique em PINACOTECA)


Comentários

jorge vicente disse…
Espectacular pintura, miguel!

Um abraço meu
Jorge Vicente

Postagens mais visitadas