Exposição - Miguel e o Ornitorrinco
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na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Lavoisier
“Kant e o Ornitorrinco” é o título de um livro de Umberto Eco, sobre semiótica.
O que tenho eu a ver com Kant e com ornitorrincos e esse livro?
Pensei e descobri que sou, há muito tempo, um cara indeciso. Mesmo agora não sei se estou tão seguro assim; portanto deixarei que Umberto Eco explique essa minha exposição:
O que mostram esses quadros? Além do ornitorrinco mostram outras coisas que vemos todos os dias e as razões pelas quais distinguimos um elefante de um tatu.
O que tem Miguel a ver com o ornitorrinco? Nada.
E isso bastaria para justificar o título dessa exposição e a nossa incoerência totalizante.
Nesses quadros explico (Miguel explica) por que o ornitorrinco não é horrível, mas prodigioso e providencial. Ele é um animal estranho, que parece concebido para desafiar qualquer classificação, quer científica quer popular.
É ele uma toupeira?
um castor?
um pato?
um peixe?
um pássaro?
uma abelha?
animal marinho ou terrestre?
é o Superhomem, ou uma vítima da criptonita?
Partindo de percepções sensíveis, como podemos colocar num mesmo animal um bico junto com patas espalmadas, pelos e uma cauda de castor?
Ou a ideia de castor com a ideia de um animal ovíparo?
Como podemos ver um pássaro onde aparece um quadrúpede?
Por sua aparição muito remota no desenvolvimento das espécies, digo que ele não é feito com pedaços de outros animais, mas que os outros animais é que são feitos dos seus pedaços.
Kant nada sabia sobre o ornitorrinco, paciência! Posto que ele – o ornitorrinco - é um animal e não uma ilusão dos sentidos, nem uma criatura dos infernos, eu, Miguel, para resolver a minha crise de identidade, faço esses quadros, procurando saber de Kant, de Eco e, principalmente, de ornitorrincos.
Miguel Gontijo
26\08\2012
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