Imprensa - Miguel e o Ornitorrinco - Revista Perfil


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Por Robson Soares Sex, 07 de Dezembro de 2012 14:00

Miguel e o ornitorrinco 
Obras do artista Miguel Gontijo com desenhos e pinturas inspirados no livro de Umberto Eco podem ser vistas até o dia sete de janeiro


No dia 25 de Outubro, o artista mineiro Miguel Gontijo abriu sua exposição Miguel e o ornitorrinco, no Museu Inimá de Paula. A abertura contou com um público de aproximadamente 500 pessoas e teve a curadoria de Robson Soares. O artista tem desenvolvido uma pesquisa estética de grande renovação no âmbito da recepção múltipla de influências e códigos artísticos, o que revela uma criatividade renovada e uma preocupação de permanente atualização. Miguel Gontijo apresenta-nos um mundo em pedaços à procura de um todo. Miguel e o ornitorrinco são desenhos/pinturas que se norteiam através do livro de Umberto Eco, Kant e o ornitorrinco.
O artista, usando um fragmento de um texto de Umberto Eco, nos conduz ao seu universo criativo, dizendo: “(...) Posto que o ornitorrinco seja um animal e não uma ilusão dos sentidos, nem uma criatura dos infernos, eu, Miguel, a fim de resolver a minha crise de identidade, fiz esses quadros procurando saber de Kant, de Eco e, principalmente, de ornitorrincos”. Junto à mostra, o artista lança seu novo livro de texto e imagens: Miguel e o Ornitorrinco - o livro foi idealizado e produzido através da V&M do BRASIL - e, também, o curta metragem, Contaminações Subjetivas, feito pelo estúdio 7 1\2 Filmes. Esse curta, sobre o pensamento artístico do artista, foi feito por Marcos Alvarenga, Marcos Cruz e Ricardo Lanza e estará em exibição no Museu Inimá durante todo o período da exposição.
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Museu Inimá
Mesmo reconhecendo a incapacidade da pintura contemporânea de equacionar e resolver seus problemas, Miguel Gontijo tem sempre manifestado grande confiança nesse meio expressivo. Sua pintura não é uma mera representação da realidade, mas uma inspiradora recriação, na qual se conjugam a história, os mitos e as lendas, elaborados em superfícies diversas e por outros procedimentos experimentais. Com humor, ironia e sarcasmo, suas obras nos levam a várias sequências privilegiadas da história, fazendo um relato dinâmico de nosso mundo.
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Miguel no lançamento do livro
Em julho, o artista apresentou, com sucesso, na Câmara dos Deputados, em Brasília, a série de pinturas intituladas Miguelianas, nas quais ele viaja através dos olhos dos profetas de Congonhas a vasculhar as novas realidades mineiras.
Nessa exposição, Miguel Gontijo, em sua forma representacional, faz com que seus personagens recitem diferentes textos em diferentes geografias e circunstâncias, nos quais ele reafirma esta mise-en-scène com grafias ilegíveis, setas, balões de quadrinho, elementos cinematográficos e populares, citações pictóricas e literárias, procurando, assim, resolver sua crise de identidade.
Segundo o publicitário José Alberto da Fonseca, “o olhar não é o bastante para compreender a expressão das obras de Miguel Gontijo.
Ele não é apenas um artista plástico, é um pensador que apresenta suas expressões traduzidas em estética inédita no cenário da arte. Cada um de seus quadros sugere uma visão crítica, ideológica, distanciada do maniqueísmo entre o belo e o feio, entre o bem e o mal, o que traduz a herança de sua formação como filósofo e historiador”.
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Detalhe do quebra-cabeça
Nas palavras de Raíssa Pena, jornalista da revista Veja BH, “os desenhos e pinturas foram inspirados no livro Kant e o ornitorrinco, do intelectual italiano Umberto Eco. O filósofo alemão e o desajeitado mamífero não têm de fato nada em comum. É justamente sobre a construção de significados, a linguagem e as habilidades cognitivas humanas que tratam as obras de Eco e Gontijo. Os trabalhos do pintor sugerem o caos, a desordem e até certa dose de agressividade pela maneira como alguns símbolos são justapostos. Na metalinguística obra Brinquedo proibido, por exemplo, as referências a alguns ícones das artes visuais são claras. É Pablo Picasso quem segura a sombrinha que abriga uma figura feminina recortada de sua própria tela, Guernica. Ao fundo, junto com outros elementos, pode-se identificar ainda um detalhe da emblemática A grande onda de Kanagawa, do artista japonês Katsushika Hokusai”.
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Miguel Gontijo é formado em História e pós-graduado em Artes e Contemporaneidade. Participou de diversas exposições coletivas e salões oficiais, sendo premiado em muitos deles, como no Prêmio Mário Pedrosa 2010, pela ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, na categoria Artista de Linguagem Contemporânea.
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Abertura de exposição
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Robson Soares
Coordenador Projetos da V&M
do BRASIL e curador Espaço
Cultural da empresa

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