Arsenal Antropofágico - contos e desenhos
“Trancado em casa, escondido do vírus,
resolvi abrir gavetas e jogar o lixo fora.
(uma forma para adiar o fim do mundo).
É hora da grande fogueira, que há muito desejo fazer. Infinidades de estudos que produzi para realizar meus trabalhos. O primeiro papel que abri revelou um Miguel desconhecido. Um outro Miguel.
Em vez de acender a grande fogueira,
resolvi acarinhar esses esquecidos papéis.
Alguns, estragados pelo tempo e pelo descaso,
resolvi passá-los a limpo, já que o tempo me é farto. Mas logo percebi que precisaria de mais setenta anos para recolocar a casa em ordem.
(um orgulho: produzi muito).
Esse livro é parte do que apurei.
Desenhos, linhas puras, despretensiosos. Evitei datá-los. Apurar daria muito trabalho. Afinal, isso faz parte de um corpo único – minha vida – que agora se protege, pretendendo continuar por aqui
...”
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